domingo, 30 de maio de 2010

Somente uma questão de baixa auto-estima?

Confesso estar passando por sérios problemas existenciais.Claro que o que corre mais riscos com isso é minha pesquisa de doutorado, por vários motivos: eu fico desanimada, eu acho que ela não faz nenhum sentido para ninguém além de eu mesma e por isso é um estorvo assim como eu sou... blá, blá, blá.
Eu fico com essas sensações mais fortes em mim quando percebo que minha vida é mesmo minha pesquisa, mas que ela, apesar de ser tudo para mim,não se enquadra em lugar nenhum: Não é uma pesquisa literária (não sei fazer e nem quero fazer análises ou interpretações literárias), nem historiográfica (não estudo no Arquivo do Estado e nem meu tema é a escravidão, o açúcar no Século XVIII ou o marxismo)... é apenas uma pesquisa sobre a escritura de Guimarães Rosa, aquele que eu considero - e outros também consideram- o que temos de melhor por aqui.Claro que a maioria vai dizer que eu quero discutir o sexo dos anjos, mas é a minha pesquisa. Eu considero importantes as discussões sobre o imaginário,não é à toa que, como historiadora, declaro que meus livros favoritos são "Os reis taumaturgos" de Marc Bloch e "Visão do paraíso " de Sérgio Buarque de Holanda, que se questionaram práticas que apesar de parecerem discussões tolas, nos explicaram com mais propriedade os mecanismos intrínsecos de certas sociedades ou grupos sociais, como o caso da taumaturgia "explicava" muitos dos motivos medievais; e como o imaginário utópico foram a força motriz da colonização. Ora, eu pergunto, quantas coisas em nossas vidas são reais e quantas não são apenas construções virtuais, artísticas, lingüísticas ou simbólicas que se incorporam em nós até que elas mesmas se "encorparam" no mundo?
Assim é nosso universo espiritual, nossa pátria, nossos times de futebol,nossos autores favoritos... assim é a infância (eis o grande mote da minha pesquisa de doutorado)
O grande problema é que eu não sou nenhum Sérgio Buarque ou Marc Bloch, então que me dá atenção, além do meu orientador? Talvez (e talvez mesmo) meu namorado...
Só isso.